Como já tínhamos anúnciado num post publicado a 11 de Fevereiro de 2007, foram encontrados três manuscritos originais e um fragmento não identificado de quatro obras de Eça de Queirós nos cofres do Millennium BCP. Na altura ainda não estava disponível o link para a página do Millennium BCP que permitia fazer o download destas preciosidades literárias, pelo que não poderíamos deixar de o fornecer: Download dos manuscritos queirosianos.
Fonte:
Passamos a apresentar outro ponto de abordagem da obra de Eça, O Crime do Padre Amaro: o jornalismo.
Fontes:
Eça de Queirós pronunciou-se, relativamente ao tema político, criticando a desordem que reinava no governo nacional. A seguinte citação queirosiana foi retirada d'O Distrito de Évora, tendo sido publicada no ano de 1867:
"Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações."
Navegue na barra abaixo para aceder a um leque de curiosidades queirosianas.
Foi na cidade de Leiria que, pela pena de Eça de Queirós ao criar O Crime do Padre Amaro, surgiu o primeiro romance realista escrito na língua portuguesa. Foi portanto esta, indiscutivelmente, a cidade-berço da nova Escola Realista em Portugal e consequentemente a cidade que revelou à nação o grande romancista Eça de Queirós. A produção escrita de Eça de Queirós iniciou-se cerca de três anos e meio antes de ter sido empossado no cargo de Administrador do Concelho de Leiria. Apesar da vasta cultura e superior talento que revelava, a verdade é que os trabalhos de Eça, publicados nuns quantos jornais, não obtinham o sucesso esperado.
Seria na tranquilidade da cidade do Lis que Eça encontraria a motivação e condições ideais para escrever o romance que, pela sua temática e técnica realista-naturalista, chocou a sociedade da época através da denúncia da hipocrisia social e religiosa. Tendo tomado posse do cargo de Administrador do Concelho em Leiria a 30 de Julho de 1870, foi também aqui que redigiu, pelo menos em grande parte, a sua primeira obra de ficção, o Mistério da Estrada de Sintra, em colaboração com Ramalho Ortigão e publicada sob a forma de cartas anónimas no Diário de Notícias, entre 24 de Julho e 27 de Setembro de 1870. Foi ainda nesta cidade que, muito provavelmente, Eça de Queirós preparou e redigiu a célebre Conferência "O Realismo como nova expressão da Arte", proferida em Lisboa a 12 de Junho de 1871, 6 dias depois de ter sido exonerado por despacho do cargo que desempenhava em Leiria.
Se podem ainda subsistir nalguns espíritos dúvidas quanto ao local de nascimento biológico do ilustre Eça, a verdade é que, no que concerne à história da literatura portuguesa, se comprova ter-se dado em Leiria o nascimento do grande expoente do realismo português.
Fontes:
Os rumores que nos últimos dias percorreram o país acabam de ser confirmados: o famoso romancista Eça de Queirós nasceu realmente em Leiria.
Aguardamos a chegada à nossa redacção, a qualquer instante, de novos elementos que permitam desenvolver esta notícia realmente extraordinária. Fica atento!
O Clã Twice entrevistou o Dr. Acácio de Sousa, Director do Arquivo Distrital de Leiria.
O Clã Twice entrevistou também a Dra. Isabel Damasceno, actual Presidente da Câmara de Leiria, que além de falar de Eça, de Leiria e da obra, também falou da iniciativa do SAPO Challenge.
O Clã Twice reuniu-se com a Professora Dulcelina Santos, professora de Português e de Francês, mestrada na área da Pragmática da Linguística e autora de um exaustivo trabalho acerca dos espaços abordados em O Crime do Padre Amaro, onde se falou de vários aspectos.
Interesse da obra para um Leiriense e polémica da obra em Leiria
José Maria de Eça de Queirós, autor de O Crime do Padre Amaro, figura atenta ao seu meio envolvente, escreveu obras que são o espelho dessas mesmas sociedades. Enquanto Administrador do Concelho de Leiria, captou ao pormenor a sociedade beata leiriense, reunindo os dados necessários para escrever aquele que é considerado o primeiro romance realista português, repleto de críticas a aspectos ardilosamente mascarados nas personagens e na própria acção da obra.
Leiria Queirosiana
Enquanto cidadão de Leiria, Eça de Queirós passou por locais citadinos que ainda hoje se podem reconhecer no Passeio Queirosiano, e que são retratados
De forma a dar maior visibilidade a esses espaços, a Câmara de Leiria, em parceria com outras entidades, elaborou um percurso pedestre que os identifica. Segundo a Dra. Isabel Damasceno, actual Presidente da Câmara Municipal de Leiria: “Há um roteiro histórico que faz o percurso dentro do centro histórico da cidade, identificando os espaços onde o Eça localiza a acção do próprio livro, para que as pessoas consigam identificar os locais descritos na obra”.
O Percurso Queirosiano engloba, para além dos locais retratados na obra O Crime do Padre Amaro, os locais frequentados por Eça na sua estadia de um ano em Leiria e onde exerceu as suas funções.
O Passeio Queirosiano tem o seu ponto de partida na Igreja de S. Pedro. Outrora teatro, foi o local onde Eça e uma fidalga com quem estava envolvido se encontraram. Mais tarde, antes da construção da actual, terá sido a Sé de Leiria.
O ponto seguinte do roteiro é a Torre Sineira, sobre a qual existe uma casa que, na obra, é descrita num local distinto, junto à Sé.
A Sé, estrutura imponente e outra das paragem do passeio, é o local onde o Padre Amaro celebrava a missa. A sua construção teve início em 1550 e beneficiou de obras de reabilitação, sobretudo na fachada principal, devido ao facto de ter sido fortemente danificada na sequência do terramoto de 1755. O seu interior, nomeadamente a sacristia, são também locais referidos na obra.
Junto à Sé encontram-se os dois locais seguintes do roteiro. Em primeiro lugar, e à direita da Sé, existe a Administração do Concelho, local onde Eça de Queirós exerceu as suas funções enquanto Administrador do Conselho de Leiria. Em segundo lugar, e ainda no largo da Sé, o edifício azul que alberga a antiga Farmácia Paiva, serviu de modelo à Botica do Carlos.
No percurso da Sé para o Terreiro, identificam-se mais dois dos locais pertencentes à Leiria Queirosiana. O mais longo, a Rua Direita, foi a rua por onde Eça passava diariamente quando se deslocava para a Administração do Concelho. Na obra representa o trajecto que Amaro percorria para ir para a Sé, praticamente o mesmo percurso de Eça de Queirós, visto que a casa onde Amaro estava alojado, a da S. Joaneira, corresponde à casa que Eça habitou enquanto esteve em Leiria, a Casa da Travessa da Tipografia.
No culminar da Rua Direita existe o Terreiro, onde se situavam as residências da alta aristocracia leiriense, como o Solar do Barão de Salgueiro, à data Presidente da Câmara, onde Eça passou por um dos mais caricatos e humilhantes episódios da sua vida, no baile de máscaras do Carnaval de 1871.
O passeio segue depois para a Praça Rodrigues Lobo, com as suas arcadas, espaço de convívio e de comércio, por onde Eça e Amaro passeavam.
Numa das saídas da praça existia a Assembleia Leiriense, local onde se fazia a leitura dos jornais e de que Eça foi sócio. Era também um ponto de encontro dos mais notáveis de Leiria.
No caminho para a margem do rio Lis, hoje totalmente remodelado, situa-se o Rossio, local onde Amaro e o Cónego Dias costumavam passear e onde actualmente se pode ver a Fonte Luminosa e o Jardim Luís de Camões.
Finalmente, e com vista para o rio, surge o Marachão, local preferido por muitos cidadãos para desfrutar de um belo passeio junto ao Lis e usufruir de uma excepcional vista sobre Leiria.
Celibato dos padres
Atento analista da sociedade, Eça de Queirós caracterizou a sociedade leiriense de beata e muito devassa, como aliás refere o Dr. Acácio de Sousa, Director do Arquivo Distrital de Leiria: “Ele [Eça] perguntou ao seu secretário como era Leiria, ao que ele respondeu que era uma cidade muito beata, muito fechada, muito parola, mas por trás da beatice era uma devassidão permanente (...)”.
Abordado
A maioria dos entrevistados manifestou-se desfavoravelmente à manutenção do celibato, de que são exemplo estes testemunhos:
- “A religião católica está muito atrasada em relação à mentalidade da sociedade em que vivemos. Não tem acompanhado a evolução do pensamento das pessoas, e isso verifica-se na questão do celibato, do aborto, do uso de contraceptivos, etc. Se calhar por isso também tem perdido muitos fiéis.”.
- “Acho que os padres são pessoas como outras quaisquer, têm é que ter uma função nas crianças para promover a religião e a fé em Deus, ou pelo menos a acreditar que há qualquer coisa que nos move, o que é importante. Acho que o celibato não lhes dá o equilíbrio necessário, porque todos nós somos humanos e precisamos de algum apoio familiar, daí que eu considere que o celibato não nos ajuda.”
- “Penso que o padre é um ser humano como outro qualquer. Deus, quando criou o homem, disse: «Multiplicai-vos», portanto eu acho que o homem, mesmo sendo padre, tem as mesmas necessidades básicas que tem qualquer outro ser humano. Há até outras religiões em que o padre, sendo casado, não é menos padre que do que o padre da religião católica, precisamente porque compreende melhor os problemas dos outros tendo os mesmo problemas em sua própria casa. Desta forma, um padre não tem necessariamente de ser um celibatário para ser um bom sacerdote.”
- “É uma estupidez o facto de o padre hoje em dia não poder constituir uma família. Por isso é que costumamos ouvir episódios como a Casa Pia, porque o padre, ao fim e ao cabo, é um ser humano igual aos outros, por isso tem todo o direito de fazer a sua vida.”
A escassez de padres foi, também, um dos argumentos para justificar a opinião contrária ao regime de celibato.
Encontrámos, igualmente, opiniões favoráveis ao celibato, em acordo com o que é estipulado pelas autoridades eclesiásticas, conforme demonstra o seguinte testemunho:
- “Se o sacerdote escolheu [o celibato] e sabia que era isso que o esperava quando foi para o sacerdócio, então deve manter essa promessa. Agora se a Igreja facultar entre o celibato e o casamento penso que aí os padres se podem casar.”.
Fontes:
Tendo Eça sido uma figura de destaque na literatura e na crítica social, pronunciou-se relativamente ao carácter mediático do jornal e a sua influência na mentalidade da sociedade do século XIX. Assim sendo, apresentamos um excerto da autoria de Queirós, retirado d'A Correspondência de Fradique Mendes:
"Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções - mesmo as boas.
(...) Para aparecerem no jornal, há assassinos que assassinam.
(...) O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia."
O Crime do Padre Amaro é considerado por muitos como a primeira obra importante do escritor Eça de Queirós.
Eça foi o criador de uma nova corrente de escrita, o “Realismo como nova expressão de Arte”, segundo a qual a criação de um romance se deveria basear na observação da realidade, no realçar da beleza e na manifestação do sentido de justiça.
Eça de Queirós escreveu este romance em resultado de um orgulho ferido, por se ter sentido desprestigiado pelo seu trabalho, perante uma assembleia de Senhoras da alta sociedade.
Nesta época, era frequente realizarem-se encontros sociais em casas de Senhoras da sociedade Leiriense, os quais contavam com a assídua presença do Sr. Vigário, Pároco da Sé.
Num destes encontros, uma das Senhoras solicitou a Eça que recitasse algumas das suas poesias, pedido a que o mesmo acedeu. Terminada a sua actuação, teceram-se alguns comentários pela assembleia presente. Destaca-se, no entanto, o facto de a actuação de Eça ter merecido, da parte do Sr. Vigário, comentários pouco abonatórios e sobretudo constrangedores para alguém que procurava cativar uma plateia de Senhoras, não tivesse o Sr. Vigário proferido o seguinte:
- “Olhe, minha Senhora, isto de poetas são todos patetas.”
Desagradado, de orgulho muito ferido e como que num acto de vingança, Eça, ao arrepio dos axiomas em que a sua corrente literária se deveria basear, apressou-se a criar O Crime do Padre Amaro, baseando-se "Num realismo convencional" e "Na adivinhação", conforme a opinião de alguns escritores consagrados (Ramalho Ortigão e Oliveira Martins).
Este sentimento de orgulho ferido conduziu Eça a inspirar-se num escritor francês para a criação da figura moral do Padre Amaro. A figura física baseou-se na do então Prior dos Marrazes-Leiria, satirizando um pouco a Santa Madre Igreja.
Fonte:
"Não sou exactamente o retrato de um Adónis ou de um Apolo" confessa Eça de Queirós, autor consagrado da obra que abordamos no nosso blog, O Crime do Padre Amaro. Numa entrevista pessoal e intimista, o Clã Twice tentou fugir dos aspectos mais divulgados de Eça de Queirós para dar a conhecer o outro lado deste grande escritor, através da filmagem da sua participação no programa feminino "Por trás de um grande escritor há com certeza um homem".
(Voz off, feminina, mas não a da jornalista) – Sejam bem-vindas a mais uma edição da nossa rubrica semanal “Por trás de um grande escritor há com certeza um homem”. O nosso convidado no programa de hoje é um escritor que dispensa apresentações. De tal forma, que não faltam aí pelos escaparates biografias deste que é por muitos considerado o maior romancista de todos os tempos. Senhoras espectadoras, connosco José Maria de Eça de Queirós!
J – Muito boa tarde, sr. doutor, ou cônsul, não sei qual das designações prefere…
E. Q. – José Maria basta, por favor. É assim que me tratam os amigos.
J – Então ficamo-nos por essa…
E. Q. (interrompendo) - De Queirós, mas como lhe disse prefiro apenas José Maria.
J – Desculpe, penso que não entendeu bem o que quis dizer, mas deixe estar.
E. Q. – Tenha a bondade, minha senhora.
J (com um ar embevecido) - Então, muito obrigada. José Maria, comecemos por falar das biografias que sobre si têm sido publicadas. Suponho que … (é interrompida de modo algo brusco)
E. Q. – Nem me fale
J (com um ar genuinamente aparvalhado) - Freud? Talvez queira explicitar a sua linha de raciocínio, para as espectadoras, compreende…
E.Q. – Bem, se é realmente preciso… É que não entendo a insistência com que pretendem analisar as circunstâncias do meu nascimento; enfim, a minha ilegitimidade. Posso garantir-lhe que tive uma infância perfeitamente feliz e o facto de ter sido registado como filho de mãe incógnita não condicionou o meu carácter.
J – Realmente é interessante que mencione esse aspecto. Quer dizer que, na sua opinião, os queirosianos, de um modo geral… (é de novo interrompida)
E.Q. – “Os queirosianos”, como lhes chama, têm–me usado como mero veículo de promoção pessoal, semeando por aí muitos Eças de Queirós. Razão tem o meu bisneto, o António, que os ataca, embora eu ache que não vale a pena um homem dar-se a tal incómodo. O que anda na maior parte das minhas biografias são clones meus – (em tom de semi-confidência) - ouvi dizer que esta palavra é agora muito popular.
J – Nesse caso, esqueçamos as biografias e vamos à descoberta do homem por trás do escritor, que é o que realmente interessa às nossas telespectadoras.
A sua infância foi feliz, já o disse. E a adolescência? Também passou pelas crises existencialistas próprias dos jovens?
E.Q. – Parece que a adolescência no séc. XXI tem poucas coisas em comum com a adolescência no séc. XIX. É claro que tive uma borbulhita ou outra, mas essas crises existencialistas de que fala devem ser uma invenção recente. Desculpe desiludi-la, mas a verdade é que ocupava o meu tempo de forma perfeitamente trivial: lia, falava aqui e ali com rapaziada da minha idade, tentava namoriscar, na altura ainda com pouco sucesso. As minhas grandes topadas sentimentais vieram mais tarde, já em Coimbra.
J – Ah, mas aí era já um homenzinho, não?
E.Q. – Nalguns aspectos, com certeza, que eu fui sempre muito homem (pisca-lhe o olho, com ar maroto). Mas ainda não tinha completado 16 anos quando cheguei à Faculdade de Direito.
J (Muito lentamente, como se estivesse a digerir a informação) - Quer então dizer que entrou na Faculdade com 15 anos!!! Mas o José Maria devia ser um génio!
E.Q. – Minha querida, no fundo, aquilo que mais interessou aos vetustos examinadores foi que eu despejasse, direitinho e certinho, o meu Racine. Suponho que qualquer energúmeno seria capaz de o fazer, e a prova está na quantidade incomensurável de asnos que se passeavam por Coimbra, desde alguns dos meus colegas até ao próprio reitor.
J – De qualquer forma, isso significa que é também muito bom
E.Q. – Deus me livre…O perfeito domínio das línguas estrangeiras, e sobretudo no que respeita à sua pronúncia, constitui uma lamentável sabujice com o estrangeiro. Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: - todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro. Comprends? (com sotaque belga).
J – Mas falá-las correctamente dá outro élan, non?...
E.Q! – Não, o estrangeiro é aliás dispensável. Repare, o meu “amigo” Fradique teve uma tia, mulher admirável, que falando apenas “minhoto”, percorreu toda a Europa. Por razões de saúde, comia apenas ovos. Pois em qualquer país onde se encontrasse, fosse ele a Alemanha, a França ou a Rússia, nos hotéis e restaurantes, esta minhota de gema chamava o empregado e, agachada, rodando as saias tufadas e gritando “có-có-ró-qui-qui”, nunca deixou de comer os seus ovos, superiormente frescos. (O Eça vai fazendo os gestos, agachado sobre o tapete, enquanto vai falando).
J – Ai, o José Maria é tão engraçado! (seca duas lágrimas de tanto rir). Mas retornando a Coimbra. Tenho a certeza de que aí viveu episódios hilariantes. Não quer destacar um deles que possa fazer as delícias das nossas espectadoras?
E. Q. Isso agora… Havia tanto para dizer sobre a vida em Coimbra… Os copos, as noitadas, as tertúlias, as partidas na república…
J – Conte, conte! (com um ar super-excitado). Tenho a certeza que as nossas espectadoras estão tão ansiosas como eu para conhecer detalhes romanescos da sua vida.
E.Q. – Já que insiste…(sorri e deita um olhar brejeiro à jornalista)… Olhe, certa vez estava uma noite de Inglaterra, daquelas em que os raios parecem determinados a esmiuçar as entranhas da terra e ouvi uns ruídos vindos do quarto. Estranhei, mas limitei-me a perguntar o que era. É claro que os meus companheiros começaram imediatamente a enxovalhar-me. Que era um supersticioso, que tinha medo de bruxas… Prontamente, retorqui: “Medo, não tenho, mas tenho respeito; afinal, bruxas são mulheres, o que é sério, e, além disso, são sempre velhas, o que é seríssimo!”
Durante umas semanas não houve mulher, sobretudo mais velha, que víssemos na rua e não se sentisse afrontada pelas nossas pilhérias. “É muito respeito, minha senhora, é tudo muito respeito!”, assegurávamos nós entre as mais descomunais e inconvenientes gargalhadas.
J – Ah, Ah! Deve ter sido realmente divertido. Mas essas brincadeiras não virão provar o que por aí se diz? Que o José Maria era muito moderno, muito moderno, mas quando se tratava de avaliar as mulheres não passava de um conservador. Enfim, o José Maria não era afinal um grandessíssimo machista, com perdão da palavrinha, que parece um bocadinho forte?
E. Q. – Ora essa, minha querida. Refuto completamente tal acusação. O que é preciso é ver que há mulheres e mulheres. Senão, veja: as meninas lisboetas de 1870 eram, regra geral, jovenzinhas anémicas, enfezadas, com um aspecto romanticamente tísico, cultivando as olheiras por fora e as lombrigas por dentro. Em contrapartida, as meninas criadas em quintas tinham outras condições, naturalmente. E, junto com o florescimento corporal, o marido destas meninas teria a garantia da sua inocência, o que não se poderia afiançar quanto às jovens alfacinhas…
Repare que as grandes diferenças são facilmente explicáveis: umas não saíam à rua, não sabiam o que era água a não ser para bebericarem umas gotas, resumiam o exercício físico a meia dúzia de passos miudinhos e periclitantes em torno dos canapés; as outras levantavam-se com o sol, corriam aos campos acompanhando as vacas, retouçando com elas na erva fresca e bebendo do seu leite. É muita a diferença. Como lhe dizia, há mulheres e mulheres!
J – Podemos então afirmar sem margem para qualquer dúvida que é um incurável apreciador do belo sexo?
E.Q. Evidentemente. As mulheres são seres soberbos, divinais.
J – Essa sua atracção pelas mulheres fatais nunca lhe trouxe dissabores?
E. Q. – Então não trouxe?!... Olhe, aqui entre nós, aconteceu-me precisamente o mesmo que ao João da Ega, d’Os Maias, quando foi corrido praticamente a pontapés, à frente de quem quis ver, de casa do Cohen, no baile de máscaras organizado pela deliciosa Raquel.
J – Pois esse momento sublime é um retrato de uma situação que viveu realmente?
E. Q. – É verdade. Estava eu em Leiria, cidade mesquinha e beata, um autêntico marasmo social, político, cultural, o que quiser. Desempenhava as funções de Administrador do Concelho e pelo Carnaval, estávamos em 1871, o Barão de Salgueiro, então presidente da Câmara, dava um baile de máscaras. Aprimorei-me, claro. Revi os jornais da moda, consultei amigos e decidi-me: iria de Cupido, até porque andava enlevado pela mais bela aristocrata da cidade (e aqui entre nós, ela não desdenhava). Fiquei esplêndido. (assume um ar sonhador, enlevado). O fato era de malha, muito justo e moldando-me as formas todas. As asas brancas, de cambraia fina, adequavam-se magnificamente ao meu dorso estreito e levemente arqueado; carregava o arco e uma aljava cheia de pequenas flechas. Assim que entrei, escandalizei. (faz um sorriso deleitado e malandro). Enfim, quando já nos encontrávamos a sós, num quarto fechado, preparando-me eu para sorver as delícias da bela dama, sou infamemente descoberto, levado de rastos até à porta da rua e dali brutalmente precipitado pelas escadas abaixo. À frente de todos, assim, escorraçado como um cão lazarento.
J – Mas isso foi muito engraçado, ó José Maria, não acha? Tenho a certeza que as nossas espectadoras adoraram esta sua experiência de vida.
E.Q. – Minha querida, engraçado só se for para si. Imagina as horas terríveis que eu passei? Cheguei a casa derreado, moído, cheio de ferimentos e dores e, pior que tudo, com aquela ignóbil sensação de que me tinha caído a alma – e o orgulho – na latrina. Ao meu amigo Artur Couceiro1 limitei-me a dizer: “Consummatum est! – Olha, sou um Cupido desasado!”
J – Não guarda, pois, as melhores recordações de Leiria?
E.Q. – Enfim, também não é tanto assim. Houve coisas boas, lá isso houve. De qualquer forma, não fiquei muito mais tempo
J – Como seria agradável para as nossas espectadoras que nos revelasse as impressões que colheu nesse imenso país. Infelizmente, esta entrevista está a acabar. De resto, já me fazem dali sinal de que o tempo se esgotou. Não nos quer deixar aqui só mais um breve episódio da sua visita aos Estados Unidos?
E.Q. – Bem, assim de repente, posso relatar-lhe o que me aconteceu logo à entrada no país, ainda na própria alfândega norte-americana.
J – Pois faça favor…
E.Q. – Se calhar já reparou que não sou exactamente o retrato de um Adónis ou de um Apolo. Mas tenho a minha vaidadezinha, gosto de me arranjar, dou valor a certos acessórios como o bigode reluzente, a bengala, mas principalmente as gravatas e lenços.
J – De facto, já tinha reparado que traz uma gravata formidável…
E.Q. Muito obrigada. Sabe que os homens também são sensíveis aos galanteios…
Mas dizia eu que, como faço sempre que viajo, levei também na minha bagagem exactamente 200 gravatas. Pode à primeira vista parecer-lhe estupidamente exibicionista, mas a verdade é que nunca se sabe quando é que não vamos precisar daquela gravata específica, que por acaso era a centésima nonagésima nona, e que por termos estabelecido um arbitrário limite de 198 gravatas, ficou em casa.
Pois imagine só a desfaçatez do funcionário da alfândega que, perante um distinto membro da diplomacia do velho continente, pretendeu cobrar-me direitos de importação pelas minhas gravatas.
J – Reagiu de forma fleumática, com certeza…
E. Q. – Olhe, não! Estava bem-humorado e limitei-me a perguntar, com o meu “savoir-dire” (pronúncia belga): “Se a América tem 50 Estados, porque não pode um Cônsul de Portugal entrar com 200 gravatas?” O homenzinho riu-se e poupou-me ao imposto. Tinha sentido de humor. Só posso admitir que apesar de funcionário zeloso, era também um homem inteligente.
J – José Maria, foi com mais um momento de fino humor que mostrámos às nossas caras espectadoras “o homem por trás do grande escritor”. Foi um prazer imenso tê-lo connosco.
E.Q. – Ora, o prazer por ter estado em tão deliciosa companhia foi meu. Não mo queira retirar.
J – E assim nos despedimos por hoje. Não perca na próxima semana mais um convidado especial na rubrica “Por trás de um grande escritor há com certeza um homem”. Boa tarde!
1 - Por lapso, referimo-nos a Artur Couceiro em vez de a Júlio Teles devido a uma fonte incorrecta. Tal situação deve-se ao facto de Júlio Teles ser muitas vezes referenciado como aquele que serviu de base à construção da personagem Artur Couceiro.
Fontes:
No contexto religioso, encontrámos o seguinte excerto de Eça de Queirós, retirado d'A Correspondência de Fradique Mendes:
"Uma religião a que se elimine o ritual desaparece - porque as religiões para os homens (com excepção dos raros metafísicos, moralistas e místicos) não passam de um conjunto de ritos, através dos quais cada povo procura estabelecer uma comunicação íntima com o seu deus e dele obter favores."
Na sua curta passagem pela Cidade de Leiria, Eça de Queirós deixou testemunhos que permitem concluir que também deveria ser um adepto das fantasias de Carnaval. Participou num baile de máscaras, no Carnaval de 1871, no palácio do Barão de Salgueiro, na época presidente da Câmara de Leiria.
O Carnaval representava uma época festiva em que os cidadãos se podiam fantasiar ou assumir um comportamento menos adequado ao seu estatuto, sem se sujeitarem à crítica social. Assim, com esse espírito, fantasiou-se de cúpido, talvez para melhor exprimir os seus sentimentos por alguém.
Uma entrevista a D. Maria das Dores (MD), residente na travessa da tipografia nº 13, contemporânea de Eça de Queirós, publicada a 24 de Dezembro de 1939 pelo jornal “Republica” (jR) é disso testemunha. A seguir transcrevemos um trecho da entrevista em que ela se refere a um baile de máscaras no palácio do Barão Salgueiro:
“(jR): Recorda-se de um escândalo qualquer que houve com o Eça por causa de um baile?
A Sr.ª Maria das Dores (MD) desvia os olhos de nós para pensar um momento.
(MD): - Sim, sim … Ouvi falar muito nisso. Parece até que o trataram muito mal, mas porque não o conheceram. A gente com a máscara parece outra pessoa! Vai daí que não o conheceram.
(jR): - Mas a Sr.ª Maria das Dores não pode precisar bem o que foi? Veja lá …
A simpática velhinha sorri:
(MD): - Ora!
(jR): - Interessava-nos …
(MD): - Não foi nada assim mau, isso não foi! Coisa de rapazes. Se calhar meteram o Eça em pândegas …
(jR): - E …
(MD): - E ele fez aquilo.
(jR): - Mas como foi?
(MD): - Olhe! O Sr. Barão, o Barão de Salgueiro, deu um baile de máscaras que foi coisa grande. Ficou falado. E às tantas da noite, bem pela noite velha, ouviu-se um grande barulho à porta. A fidalguia correu logo para saber o que era. E o que era! Os criados agarravam um homem quase nu, mascarado de amor (cúpido), que trazia uma máscara na cara e que queria entrar a viva força. Houve uma barulheira, juntou-se a assistência toda, mas o homem foi-se embora sem tirar a máscara. E quasi nu! Que doidice!
(jR): - Mas quem era?
(MD): - Ora! O Eça apareceu dali a pouco, vestido como andava sempre. Contaram-lhe o caso e ele riu-se muito. Mas toda a gente soube, depois, que tinha sido ele. Rapazes!
A Sr.ª Maria das Dores tem um grande sorriso de perdão – e de saudade. Eram outros tempos, havia o fulgor vivo da mocidade. E ela sabe – se sabe! – que a juventude deixa ir um pedaço de si agarrada a cada dia que passa.”
Sobre este episódio, ao chegar a casa, Eça de Queirós comentou para o seu confidente Júlio Teles "Consummatum est – olha sou um cúpido desasado".
José Maria Eça de Queirós para além de notável escritor, protagonista do realismo em Portugal, era igualmente um conhecido bom garfo. Esta sua característica reflecte-se nas constantes descrições culinárias feitas nas suas obras, desde o jantar no Hotel Central (episódio d’Os Maias) até à destreza gastronómica da S. Joaneira.
Apresentamos, neste contexto, o seguinte excerto, extraído d’O Crime do Padre Amaro (pp.28-30):
"Mas a S. Joaneira gritou de cima:
– Pode subir, senhor cónego! Está o caldo na mesa!
– Ora vá, vá, que você deve estar a cair de fome, Amaro! – disse o cónego, erguendo-se muito pesado.
(…)
No meio da sala de jantar, forrada de papel escuro, a claridade da mesa alegrava, com a sua toalha muito branca, a louça, os copos reluzindo à luz forte dum candeeiro de abat-jour verde. Da terrina subia o vapor cheiroso do caldo e, na larga travessa a galinha gorda, afogada num arroz húmido e branco, rodeada de nacos de bom paio, tinha uma aparência suculenta de prato morgado.
– E o senhor cónego toma um copinho de geleia, sim?
- Vá lá, para fazer companhia – disse jovialmente o cónego, sentando-se e dobrando o guardanapo.
(…)
O cónego deitava-lhe o vinho de alto, fazendo-o espumar.
(…)
Riram; e bebendo, na alegria das reminiscências, recordavam as histórias de então, o catarro do reitor, e o mestre do cantochão que deixara um dia cair do bolso as poesias obscenas de Bocage.
- Como o tempo passa, como o tempo passa! – diziam.
A S. Joaneira então pôs na mesa um prato covo com maçãs assadas.
- Viva! Não, lá nisso também eu entro! – exclamou logo o cónego. A bela maçã assada! nunca me escapa! Grande dona de casa, meu amigo, rica dona de casa, cá a nossa S. Joaneira! Grande dona de casa!
Ela ria; viam-se os seus dois dentes de diante, grandes e chumbados. Foi buscar uma garrafa de vinho do Porto; pôs no prato do cónego, com requintes devotos, uma maçã desfeita, polvilhada de açúcar."
Fontes:
Queirós, expoente e pioneiro na corrente realista nacional, revelou ser igualmente uma personagem analítica e crítica de uma sociedade e uma política atrasadas e de uma religião corrompida. Neste contexto, expomos o seguinte excerto, retirado de uma carta escrita por Eça a Joaquim de Araújo, datada de 25 de Fevereiro de 1878:
"O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. É por isso que hoje é tão útil como irreverente rir das ideias do passado: a multidão não se ocupa de ideias, ocupa-se das fórmulas visíveis, convencionais das ideias. Por exemplo: o povo em Portugal, nas províncias, não é católico - é padrista: que sabe ele da moral do cristianismo? da teologia? do ultramontanismo? Sabe do santo de barro que tem em casa, e do cura que está na igreja."
Os originais de A Cidade e as Serras, A Ilustre Casa de Ramires e Novos Factores da Política Portuguesa foram encontrados num cofre da sede do Millennium BCP na baixa de Lisboa. A sua existência fora confirmada há 30 anos, mas desde essa altura que se desconhecia a sua localização.
Os documentos terão passado por vários donos: primeiro, Maria Angélica de Magalhães Vaz Pinto, que os terá vendido ao Banco Pinto de Magalhães, sendo posteriormente transferidos para a União de Bancos Portugueses no seguimento das nacionalizações pós 25 de Abril de 1974. Com a privatização da União, os documentos passaram então para o Banco Mello, que por se ter agregado ao BCP em 2000 colocou os manuscritos nos cofres do BCP.
Depois de descobertos, os manuscritos foram identificados pela Biblioteca Nacional, a quem vão ser doados os importantes testemunhos do trabalho de Eça de Queirós. Os manuscritos vão ainda ser disponibilizados na Internet no site do Millennium BCP.
Fontes:
Autor da obra O Crime do Padre Amaro, José Maria Eça de Queirós (originalmente Queiroz mas mais tarde adaptado à ortografia actual), nasceu na Póvoa do Varzim a 25 de Novembro de 1845. Os seus progenitores foram José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, magistrado e escritor, falecido em 1901, e D. Carolina Augusta Pereira de Eça. O casamento só viria a consumar-se quatro anos após o nascimento do escritor.
A infância de Eça de Queirós é passada, primeiramente, em Vila do Conde, na casa de uma modesta família. Muda-se mais tarde para Verdemilho (Aveiro), para ser educado pelos avós. A morte destes obrigou a que com dez anos de idade se viesse a estabelecer na cidade do Porto para frequentar o Colégio da Lapa.
Matricula-se, em 1861, no curso de Direito da Universidade de Coimbra, local onde conhece alguns dos intervenientes na Questão Coimbrã. Eça viria mais tarde a tornar-se um membro activo da Geração de 70. Contactou também nessa época com algumas ideologias e correntes inovadoras que surgiram como o Positivismo, o Socialismo e o Realismo-Naturalismo. Ainda no último ano do seu curso tem a sua estreia na arte da escrita mediante a publicação de folhetins na Gazeta de Portugal, denominados Notas Marginais. Contudo, o seu estilo literário, semelhante ao francês, não agradou ao público.
No final do ano da conclusão do curso, em 1866, funda o jornal da oposição, O Distrito de Évora. Continua a colaboração na Gazeta de Portugal, textos posteriormente compilados na obra Prosas Bárbaras.
Em 1867 abandona O Distrito de Évora, iniciando em Lisboa a sua actividade
Em Outubro de 1869, parte para o Oriente com objectivo de assistir à inauguração do canal do Suez. O relato da sua viagem é, mais tarde, redigido na obra O Egipto.
A sua primeira obra de ficção, o Mistério da Estrada de Sintra, é lançada, em 1870, no Diário de Notícias, em colaboração com Ramalho Ortigão. Nesse mesmo ano, inicia-se na carreira administrativa como administrador da cidade de Leiria. Aí vive numa casa de uma família e a convivência no ambiente beato proporciona-lhe elementos importantes na escrita do romance O Crime do Padre Amaro, de que se conhecem três versões (1875, 1876 e 1880).
Em 1871, participa nas controversas Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, resultado da evolução que Eça e os seus companheiros pretendiam impor com o Realismo-Naturalismo. Assim, profere "O Realismo como nova expressão da Arte". Ainda nesse ano, publica, novamente em parceira com Ramalho Ortigão, As Farpas, crónicas de cariz satírico.
O período seguinte da sua vida foi dedicado ao exercício da diplomacia, através do cargo de cônsul em Havana (1872), Newcastle (1874), Bristol (1878) e Paris (1888).
Casa-se com D. Emília de Castro Pamplona Resende em 1886. Os restantes anos são férteis em termos de produção literária, sobretudo em Inglaterra, apesar da distância relativamente a Portugal. Intervém na imprensa nacional como por exemplo na A Actualidade, na Gazeta de Notícias e na Revista Moderna criando ainda a Revista de Portugal.
Aquela que é considerada a sua obra-prima, Os Maias, é publicada quando se encontra em Paris em Neuilly, a residir cm os seus quatro filhos e onde viria mais tarde a morrer. A sua última visita a Portugal ocorreu em 1900. Tinha então cinquenta e cinco anos, idade com que faleceu a 16 de Agosto de 1900.
Eça deixa-nos um legado riquíssimo, como O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887), A Cidade e as Serras (1901) e A Ilustre Casa de Ramires (1900), entre muitos outros.
No percurso da sua obra podem-se diferenciar três fases estéticas: a fase de influência romântica, que se inicia com as Prosas Bárbaras e culmina com o Mistério da Estrada de Sintra; a afirmação do Realismo, com a participação nas Conferências do Casino Lisbonense e patente ainda nos romances O Primo Basílio e O Crime do Padre Amaro; e, por fim, a fase de superação do Realismo-Naturalismo, visível nas obras Os Maias, A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras.
Eça de Queirós representa, pois, um marco na literatura portuguesa, ao revelar-se o principal escritor realista no contexto nacional e inovador na forma de escrita em prosa.
Algumas obras de Eça de Queirós publicadas antes e depois da sua morte:
Fontes:
Bem-vindo ao blog do clã Twice. Este blog insere-se no âmbito da segunda fase do concurso SAPO Challenge, pelo que será actualizado regularmente ao longo das quatro semanas em que o concurso estiver a decorrer.
O nosso clã tem como membros Diogo Almeida, João Penedo, Mariana Lopes, Raquel Fonseca e Rita Sales, de dezasseis anos, frequentando o 11º ano de escolaridade, na Escola Secundária de Domingos Sequeira, em Leiria.
Todos nós optámos pelo agrupamento de ciências e tecnologias devido ao interesse comum que temos pelas ciências como a matemática e a biologia, nomeadamente pelo seu papel na compreensão do mundo que nos rodeia. A música, confraternização/convívio com os amigos são também interesses comuns entre nós.
Decidimos aventurarmo-nos nesta Aventura do Conhecimento dado que consideramos esta iniciativa bastante meritória, uma vez que constitui um desafio estimulante para nós, aliando o desenvolvimento dos hábitos de leitura com uma componente tecnológica que vai de encontro às nossas preferências.
Dada a parceria do concurso com o Plano Nacional de Leitura, foi-nos proposta a escolha de uma obra da autoria de um autor português de prestígio, que no nosso caso recaiu sobre O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós. A nossa escolha prendeu-se com o facto de a acção da obra decorrer na cidade de Leiria, na qual somos residentes e pelo facto de, por outro lado, Eça de Queirós ser largamente reconhecido como um génio literário, que em muito engrandeceu a literatura portuguesa, sendo O Crime do Padre Amaro mais um dos exemplares do brilhante legado queirosiano. E é nessa obra que o nosso trabalho se vai basear, por isso:
Convidamos-te a ser cúmplice…
Eça de Queirós
Eça de Queirós no site dos Grandes Portugueses
Escola
Escola Secundária de Domingos Sequeira
Leiria
Região de Turismo Leiria-Fátima
Ministério da Educação
SAPO
SAPO Challenge